segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Seco

Uma cicatriz de mordida de porco nas costas era sua marca. Impressionava, principalmente quando ele caminhava pela rua da feira sem camisa e com uma faca enfiada no vinco traseiro da calça.

Mas era um bom homem, honesto e justo, tanto quanto pode ser um homem. Especialmente naquela terra, onde pela palavra se morre e o contrário.

Era filho de lavradores de terra alheia, ocupação principal, contudo ajudavam na casa sede, faziam mandados na cidade, e outras atividades menos declarantes.

O pai era próximo do Dono, se fartavam juntos de mulheres e cachaça.
A mãe nem sabia que sofria.


Ele e os irmãos, não se lembra quantos, foram criados no "te-vira", ou no "como-deus-quer", dependendo de quem perguntava.

De resto, o chão seco, os galhos secos, a boca seca, só os olhos, de quando em quando, vertiam alguma água.

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