domingo, 7 de dezembro de 2008

Vida de boneca

Acordou as nove.
Tivera uma noite excelente: amor, papo, um bom vinho e ainda dormira cedo.
Irá correr no calçadão da praia, bem próximo a sua casa...
Alonga na academia do prédio, onde ainda tem uma boa piscina e duas saunas, coloca o fone do mp3 no ouvido e segue ouvindo Ed Mota.
Pensa em como o ano foi bom, seu filho se recuperara daquele problema sério de saúde, seu marido estava mais companheiro do que nunca, e ela tinha reconquistado a vaga de chefia que havia perdido no ano passado quando teve que parar tudo pra cuidar do filho doente.
A noite iria encontrar os amigos na casa da mãe, que estava muito bem depois da morte simples e sem dor que o pai tivera, ela se recuperara bem da ausência dele.
Sua satisfação fazendo esse balanço enquanto corria na calçada com a brisa do mar e o silencio que só era possível naquela parte privativa da praia, era imensa, suas mãos chegavam a suar e corria um pouco mais quando pensava em quanto sua vida estava boa naquele exato momento.
Era domingo, já correra seus trinta minutos e iria preparar um bom e completo café da manhã, acordar o filho e levar na cama para o pai. Depois, juntos, iriam ao Shooping nalguma livraria onde os três se perderiam entre os livros durante algumas horas, ao cinema ver um bom filme de animação, e, antes de irem pra casa da sua mãe, um almoço em um desses restaurantes naturais. Enfim, seria um domingo perfeito, como tinha sido todo o ano que passou.
Perdida em pensamentos, atravessa a rua principal que liga o calçadão a calçadinha... nem nota o caminhão, e creio que nunca notará.... seu corpo foi atirado, sem vida, a pancada já havia determinado a hora da morte, caiu a uns 10 metros, como uma daquelas famosas bonecas norte-americanas largada sozinha no fundo da caixa de brinquedos depois que lhe arrancaram as pernas.

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